Política é coisa de idiota? Por Mario Sergio Cortella
por mistertube.blogspot.com em Bem Comum, Brasil, Consciência, Corrpução, Liderança, Política, protestoComo estamos todos errados em não querer participar da política de nosso país. Não se interessar, estar alheio as eleições, ao que está acontecendo ao nosso redor, ao que nossos representantes estão fazendo em ou para o nosso país, é no mínimo irresponsabilidade com nossa família, nosso "ganha pão" (emprego, autônomo, empresarial), nosso futuro.
Ora, se não nos comprometermos com o bem estar comum, isso acaba afetando muito a nossa vida. Mesmo este pensamento sendo egoísta, ainda assim é melhor do que a ausência, a de achar que nós como único eleitor não faremos diferença nenhuma.
Pelo contrário, não esqueçamos que hoje não estamos mais sozinhos, hoje participamos mesmo de forma inconsciente de uma comunidade virtual de proporções enormes, as redes sociais, e é através dela que iremos conseguir mudar o nosso país. A partir de pequenas iniciativas como esta neste blog, poderemos plantar sementes de uma democracia mais justa, com menos corrupção, buscando ressuscitar o significado mais nobre da palavra Política, que se tornou suja devido a pessoas ignorantes, egoístas e que não estão nem aí para a população de nosso país. Vamos então, buscar colocar objetivos políticos em nossa vida, e assim termos orgulho de ver nossa futura geração gozar do legado que deixarmos, de prosperidade, de valores, de ética e moral, com políticos sérios, dignos e que respeitam o ser humano.
No artigo abaixo, escrito pelo formidável filósofo Cortella, ele nos provoca com uma pergunta: Política é coisa de idiota?
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ANÁLISE
Política é coisa de idiota?
Os gregos davam um nome apropriado a quem cuidasse da vida pública, da comunidade e que acreditasse que a mais nobre regra é "um por todos e todos por um": este era chamado de político
"Política é coisa de idiota!". Mas não poder ser! Essa sentença aparece em comentários indignados, cada vez mais frequentes no Brasil, e, em nome da verdade histórica, o que podemos constatar é que acabou se invertendo o conceito original de idiota, pois a expressão idiótes, em grego, significava aquele que só vive a vida privada, que recusa a política, que diz não à política. Em outros termos, os gregos antigos chamavam de idiota a pessoa que achava que a regra da vida é "cada um por si e Deus por todos".
Os mesmos gregos davam um nome apropriado a quem cuidasse também da vida pública, da comunidade, e que acreditasse que a mais nobre regra é "um por todos e todos por um": este era chamado de político. E se entendia que todas e todas éramos e deveríamos ser políticos, a partir da noção de que pólis é a comunidade, a cidade, a sociedade, e é nela, com ela e por ela que vivemos.
No cotidiano, o que se fez foi um sequestro semântico, uma inversão do que seria o sentido original de idiota, a ponto de muitas e muitos hoje pensarem que só deixa de ser idiota aquele que vive fechado dentro de si e só se interessa pela vida no âmbito pessoal. Sua expressão generalizada é: "Não me meto em política".
Recusemos tal percepção negativa da política, pois afeta a convivência decente e saudável e, antes de mais nada, esquece que "os ausentes nunca tem razão". De fato, muitos se sentem assim em relação a um determinado modo de fazer política, mas não corresponde à ideia mais abrangente de política, dado que ausentar-se em nome da liberdade e do interesse próprio esbarra novamente no mundo clássico, para o qual o idiota não é livre (porque toma conta só do próprio nariz), pois entendiam que só é livre aquele que se envolve na vida pública, na vida coletiva.
Assim, a política é vista aí como convivência coletiva, mesmo que moremos cada um em nossa própria, usando o latim, domus, ou seja, em casa, nosso domínio. Porém, na prática, porque vivemos juntos e só assim o conseguimos, a questão é que não temos domus, só temos con-domínios. Viver é conviver, seja na cidade, ainda que em casa ou prédio, seja no país, seja no planeta.
A vida humana é condomínio. E só existe política como capacidade de convivência exatamente em razão do condomínio.
*Mario Sergio Cortella é filósofo, professor-titular da PUC-SP e escreveu com o filósofo Renato Janine Ribeiro (USP) o livro Política: para não ser idiota (Papirus, 2010)
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Tolstoy Cardoso Neto, é engenheiro, criador e editor do Mister Tube. Curte tecnologia, filosofia, cinema, música e esporte. Faz do seu Blog um local para informar, divertir, protestar e homenagear.